Cuzco / Puno - 463 Km
A viagem foi tranquila, mas quando se chega em Puno a única vontade que se tem é de ir embora o quanto antes desta cidade. Tirando o centro histórico, é uma cidade mal cuidada, suja e lamentavelmente pobre, com a maioria das construções inacabadas. Na chegada a cidade, estacionamos para consultar nossos mapas de Puno e um policial se aproximou do carro alegando que havíamos feito uma conversão "a direita" proibida, há uma quadra atrás, e tentou nos aplicar uma multa de SOL$483. Nos fizemos de desentendidos, agradecemos a "informação" e prometemos ter mais cuidado. Insistiu, disse que na municipalidad seria este valor mas que poderíamos negociar com ele. Por fim pedimos que nos desse a multa então que pagaríamos na municipalidad. Acabou desistindo da gente. Conseguimos um hotel quatro estrelas por SOL$210 com garagem, o La Casona, bem no centro, único bairro razoável da cidade. O El Buho próximo a Plaza de Armas é uma excelente trattoria/pizzaria, com bom preço e opções vegetarianas mas só funciona a noite.
27/01/2012 - 33° Dia
Puno
Fomos ao porto nos informar sobre os passeios para o Lago Titicaca. Essa porção urbana do lago é horrível e cheira muito mal. É preciso perseverança. No porto há uma cooperativa de nativos. O serviço é bom e confiável. Contratamos um tour para o dia seguinte com saída às 8h20 para tres ilhas, Uros, Amantaní e Taquile, por 2/3 do preço das agências. Somos uma família de quatro pessoas e isso faz uma bela diferença. O barco sempre possui algum guia de agência "pra pegar carona nas explicações". O tour incluía pouso na residência de uma família nativa na ilha de Amantaní. Contratamos uma garagem para deixar o carro em frente ao porto. A garagem é de uma senhora dona de um locutório na esquina em frente ao acesso ao porto. Tudo ok para o dia seguinte, fizemos cambio e fomos descansar no hotel.
28/01/2012 - 34° Dia
Lago Titicaca/Ilhas dos Uros/Amantaní
Na saída do hotel, esquecemos o carro aberto entre carregar uma mala e outra e um "descuidista" nos levou uma mochila com um computador e uma máquina fotográfica. Pelo aspecto geral da cidade nem cogitamos ir a Polícia Turística com medo de sermos ainda mais achacados e seguimos nossa programação.
Tirando o péssimo incidente o passeio pelo Titicaca vai se tornando mais agradável e a água mais limpa na medida que nos afastamos da cidade. O primeiro destino do barco são as Ilhas dos Uros, as famosas ilhas flutuantes do lago construídas com totora.
Os uros são um povo muito antigo do lago, anterior aos incas e que desenvolveram a técnica das ilhas flutuantes para manter seu povo e sua cultura mesmo com os diversos povos que dominaram o lago em diversos períodos. A totora é sua principal matéria-prima, com ela os uros constroem suas ilhas que são reconstruídas pelos filhos a cada geração que se casa. Suas ilhas e seu modo de vida são muito singulares e vale muito a pena conhecer.
Peixes típicos do Titicaca, máx. 8 cm. |
Comidas típicas dos uros, ovos e aves salgadas |
Vista interna de uma habitação dos uros |
fogão tradicional |
embarcação de totora |
De Uros o barco segue para Amantaní para o almoço, passeio ao mirador, janta e pernoite. Amantaní fica há 4h de Puno, não há veículos na ilha e o idioma predominante é o quechua. Além do idioma a agricultura também segue as antigas tradições dos incas.
29/01/2012 - 35° Dia
Lago Titicaca/Taquile
Após o café da manhã, a embarcação sai de Amantaní às 8h com destino a ilha de Taquile, para passeio, almoço e retorno a Puno. Para nós que vivemos numa ilha e creio que para a maioria dos brasileiros acostumados a belezas naturais e a cidades rurais, Amantaní e Taquile não reservam muitas surpresas. São ilhas com vocação rural e Taquile agrega uma vocação têxtil, mas sem nenhuma novidade em relação ao artesanato das demais regiões do Peru. O preço sempre depende de negociação. A gente das ilhas de Uros e Amantaní, são muito receptivas e simpáticas aos visitantes e acredito que sejam seu maior patrimônio junto com suas tradições ancestrais. Em Amantaní é comum haver danças tradicionais onde o visitante é convidado a vestir-se com trajes locais. Amantaní e Taquile se destacam principalmente por terem belas vistas do lago, além disso, fazendo calor, dá para arriscar um banho nas águas geladas do Titicaca, com temperatura média de 9° e mais amena nas margens com pedras que aquecidas pelo sol ajudam a tornar a temperatura da água um pouco mais tolerável. Fez muito calor por volta do meio dia e Manoela foi a única que arriscou um banho.
Das ilhas do lago, o que é realmente imperdível são as ilhas flutuantes dos uros. Sua singularidade e sua cultura bem preservada faz deles o povo do lago por excelência. O artesanato é belíssimo e você pode fazer passeios nas suas embarcações de totora.
Chegando a Puno pegamos nosso carro e seguimos para dormir em Yunguyo, na fronteira com a Bolívia. A fronteira fica fechada entre 19h e 8h da manhã. A cidade é pobríssima e há somente duas hospedarias com camas razoáveis e banheiro privado, sendo que o Hostal Izabel é o melhor. SOL$ 55,00 para os quatro incluindo a garagem.
30/01/2012
Yunguyo / La Paz - 150 Km.
No lado peruano nos pediram propina. O "motivo" é sempre qualquer coisa absurda. Oferecemos cinco dólares e logo estávamos na Bolívia.. No lado boliviano, estacionamos junto a outros veículos e ainda de dentro do veículo pedimos informação para o policial da aduana que nos orientou sobre o tramite. Na volta o mesmo policial nos disse que estávamos estacionados em local proibido. Cara de pau. Depois de uma discussão chatinha ofereci cinco dólares e bem vindos a Bolívia. Os carros sem dúvida são mais visados porque é um objeto de luxo na Bolívia. A corrupção é grande.
Decidimos não ficar em Copacabana e seguir direto a La Paz. Nossa agenda já está apertada e os dois lados do lago são muito parecidos, mas o lado boliviano nos pareceu mais bonito. Infelizmente ficará para uma próxima. A mítica Isla del Sol, de onde teria vindo o primeiro casal inca, Mamapacha e Mamatierra, fica a apenas 12 Km de barco de Copacabana. O lado boliviano é também mais barato.
A viagem para La Paz é belíssima, percorre-se uma península as vezes com o lago dos dois lados da estrada, até uma travessia de balsa, mas a chegada a La Paz via El Alto é caótica. As pessoas andam no meio das avenidas mais importantes, entre carros e vans lotadas que gritam seus destinos. As pessoas embarcam nas vans no meio da rua. Vende-se de tudo em todos os cantos. O transito é travado. Medalha de ouro para o Pinho que sempre consegue driblar as dificuldades do trânsito e chegar ao nosso destino com a maior habilidade.
Copacabana |
Balsa para La Paz |
Belíssima Viagem!
ResponderExcluirParabéns pela coragem! Estou planejando a minha para final de 2013 e começo de 2014. Acredito que vou apenas até Cuzco, passando pelo Salar de Uyuni na volta. Seria possível mantermos contato para dicas sobre a viagem?
Obrigado e um bom retorno!
Bruno.