RELATOS DE VIAGENS América do Sul




Deixamos aqui nossos relatos de viagens como colaboração à outros viajantes e para expressar o nosso “valeu” àqueles que relataram suas experiências na rede de internet, ajudando os aventureiros a planejar e viajar pela América do sul com mais informação e segurança.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Últimos dias em San Pedro de Atacama

04/01/2012 - 10° Dia - Museu Le Paige
San Pedro de Atacama

Surpresa desagradável. Nosso principal cartão de crédito internacional foi perdido. Liguei para a central Visa do Brasil para cancelar e solicitar um cartão emergencial. O cartão chegará entre três e cinco dias e temos que informar um endereço para o envio. Para não atrasar nossa viagem quando chegarmos em Iquique ligaremos para a Visa informando o endereço. De lá seguiremos viagem para Arica, última praia do Pacífico antes de atravessar a fronteira com o Peru.

Em San Pedro de Atacama tem chovido todo o final de tarde, o que atrapalha um pouco os passeios pois vários locais ficam fechados. Aproveitamos o dia quase perdido por causa das burocracias com o cartão para ficar pelo centrinho da aldeia. Fomos ao museu Le Paige e ficamos melhor informados sobre os antigos povos desta região que chegaram por aqui há 12 mil anos. Há 10 mil anos  os antigos habitantes da região começaram a fixar-se  na puna (próximo ao cume dos vulcões) no verão e  nas quebradas (cânions) no inverno, sempre  próximos aos oásis. Entre 1700 há 1000  anos atrás a civilização Tiwuanacu, originária do Lago Titicaca (Bolívia), estendeu seus domínios até esta região sem prejuízo da cultura local, parece que o que houve foi um incremento dos hábitos culturais, principalmente nas áreas têxteis e de metalurgia,  através dos intercâmbios  a partir do “caravaneo” de lhamas. Com a decadência deste império, os atacamenhos seguiram se desenvolvendo em sua cultura até a chegada da civilização inca. O intercâmbio entre incas e  atacamenhos durou 60 anos (entre 1480 e 1540), quando chegaram os espanhóis.





05/01/2012 - 11° Dia - Tocanao, Peine, Salar de Atacama, Laguna Chaxa,  Tulor, Vale de la Luna
San Pedro de Atacama

Pela manhã, conhecemos Tocanao e Peine, pequenas aldeias com menos de 500 habitantes. Percebemos a semelhança das pequenas habitações com as ruínas  da  Pukara de Quitor. Em Tocanao, principalmente, as casas são construídas de pedras vulcânicas. Conhecemos ainda o  Salar de Atacama com a Laguna Chaxa, importante ecossistema do Salar.

Casas construídas com pedras vulcânicas em Tocanao


Flamingos na Laguna Chaxa

Salar de Atacama



Portões típicos do Atacama, Peine

Casa típica da aldeia de Peine

Pela tarde visitamos a aldeia de Tulor, o sítio arqueológico mais antigo da região, datado de 500 aC. Além dos vestígios e das ruínas da aldeia que devia abrigar em torno de 600 pessoas, há duas réplicas das antigas construções. O lugar é enigmático, muito interessante e com um pouco de imaginação e as explicações da guia, tivemos  uma boa ideia de como era a vida na aldeia que foi abandonada com a mudança do curso do rio San Pedro por causa das  mudanças climáticas ocorridas na região. Um lugar riquíssimo do ponto de vista arqueológico, uma vez que apenas 7% da aldeia foi escavada. As escavações estão suspensas por falta de recursos. A guardaparque nos contou que o sítio arqueológico foi encontrado pelo jesuíta Gustavo Le Paige e mais tarde foi explorado por ele e uma arqueóloga. A comunidade de San Pedro de Atacama se divide entre os que amam e os que odeiam o Padre Le Paige, pois uma grande parte dos materiais arqueológicos encontrados estão desaparecidos. A guardaparque disse também que quando era criança o Pe. Le Paige trocou com sua família 12 pontas de lanças por um par de sapatos para que ela frequentasse a escola. Ele utilizava as subvenções do governo destinadas as aldeias indígenas para barganhar objetos arqueológicos e os indígenas entregavam a ele sem ter conhecimento do valor das peças ou de que as subvenções eram um direito seu independente de barganha. Essa história até poderia fazer sentido, uma vez que alguns indígenas desconheciam o valor dos sítios arqueológicos o problema é que a maioria dos objetos desapareceu misteriosamente.

Ruínas da Aldeia de Tulor semi-cobertas pela areia
Réplicas das habitações de Tulor 500 a.C

Depois fomos ao Vale de La Luna, mais uma vez vou deixar que as fotos falem por si e expliquem a origem do nome. O vale está dentro da Cordilheira de Sal, primeiramente formada horizontalmente  por depósitos de areia, argila e sal e posteriormente com os movimentos da crosta terrestre deram origem a esta paisagem formidável. 







local estratégico para o por do sol no Vale de la Luna





Com estes passeios encerramos nossa temporada em San Pedro de Atacama. O lugar está cheio de turistas brasileiros de todos os estados do Brasil. Chegamos mesmo a ter a impressão que os turistas brasileiros são em maior quantidade, seguidos dos franceses e alemães.

Notas de Rodapé: 
* Achamos os passeios muito legais embora caros. Gêisers CH$ 5000 a inteira e CH$ 3000 estudantes ou crianças. Vale de La Luna CH$ 4000 inteira. Aleia de Tulor CH$ 4000 estudantes e CH$ 3000 crianças. Laguna Chaxa, depende da cara do cidadão, nos cobraram CH$ 5000 pelos quatro :)
* Reservar a tarde para o Vale de la Luna e encerrar a visita assistindo o sol se por do alto de uma grande duna é um dos passeios clássicos (e imperdível) do Atacama.


06/01/2012 - 12° Dia 
San Pedro de Atacama

Depois de desmontar nosso acampamento eu e Valentina nadamos na grande piscina do camping que deve ter uns 20X40 mts. Estamos almoçando na aldeia, no Restaurante Barros,  o melhor custo benefício que encontramos: menu completo, com entrada, prato principal e agregados por CH$ 3500. Daqui há pouco seguiremos para Iquique. Estamos ansiosos por conhecer o Pacífico.

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