A culinária além de barata, é bastante variada... Em uma olhada rápida pelo centro você encontra restaurantes cubanos, árabes, asiáticos, italianos, etc. a preços excelentes. Jantamos uma noite num restaurante asiático que servia comida indiana, tailandesa e japonesa. Dois combinados japoneses, uma refeição completa tailandesa a base de frutos do mar, uma porção de rolinhos primavera, mais missoshiros de entrada, shops e sucos. A conta: R$ 58,00.
Restaurante cubano na Sagárnaga |
Chegamos em La Paz dia 30 de janeiro em clima de final de viagem. Decidimos adiar nossa ida ao Salar de Uyuni para uma outra viagem e seguir direto para o Brasil, passando por Cochabamba, Santa Cruz de la Sierra e Corumbá, que seria a opção mais curta até em casa por estradas de asfalto.
A Plaza Murillo, palco das principais manifestações políticias e sociais de La Paz, contava com uma população de índios aymarás do cone sur da Bolívia, no dia 30, protestando contra a lei corta, uma carretera que atravessa Território Indígena Parque Nacional Isidoro Secure (TIPNIS), para ligar o norte à capital, além de reclamarem maior participação no debate em torno do empreendimento. Na noite seguinte não resistimos ao charme nostálgico dos coletivos bolivianos e pegamos um deles para a Plaza Morillo. O conflito havia cessado depois que o presidente Evo Morales recebeu os líderes manifestantes em audiência pública. Após saborear excelentes sorvetes ainda assistimos a saída do presidente Evo Morales do palácio do governo, sorrindo e abanando discretamente. Passagem de ônibus: inacreditáveis R$0,28.
No final de janeiro acontece em La Paz uma feira de miniaturas em homenagem ao deus Ekenko, um deus da abundância, a quem os bolivianos oferecem pequenas miniaturas dos seus desejos materiais esperando recebê-los em tamanho real. A feira de miniaturas é uma graça para o deleite das crianças grandes e pequenas. A casa de bonecas da Manoela, assim como as bonecas receberam um belo incremento...
1°/02/2012 - 38° Dia
La Paz/Cochabamba - 380 Km
02/02/2012 - 39° Dia
Cochabamba/Santa Cruz de La Sierra - 450 Km
Saímos de La Paz no dia 1° de fevereiro. Fizemos a viagem à Cochabamba., 380 Km, em seis horas, sendo que uma delas gastamos para sair de La Paz e do seu trânsito caótico, além de nova passeata desta vez na Av. 16 de julho, a principal de La Paz.
De Cochabamba a Santa Cruz de La Sierra, no dia 2 de fevereiro, foram 450 Km. percorridos em 7h e 30 minutos. Ambas as estradas são sinuosas, mal conservadas, mal sinalizadas e com muitos caminhões. A primeira tem características rochosas como as do altiplano e a segunda é ladeada por uma serra verdejante. Tanto Cochabamba como Santa Cruz de La Sierra são cidades bem desenvolvidas, limpas, modernas, com transito organizado, muitas praças arborizadas, ruas bem sinalizadas, principalmente em Cochabamba. Lembra bem alguns bairros das capitais do sul do Brasil.
Desde La Paz, mas principalmente ao chegar em Santa Cruz de La Sierra, fomos colhendo informações sobre a nova estrada de asfalto que liga Santa Cruz de La Sierra à Corumbá no Brasil, a mesma do Trem da Morte, chamada de Bioceânica. Ligamos para a polícia carretera, fomos ao escritório de turismo de S C de La Sierra e a uma agência de turismo, além de conversar com um jornal local, afinal como diz a sabedoria popular "notícia ruim chega depressa". Todos sem exceção nos disseram que a estrada não oferecia maiores perigos mas ninguém soube dizer ao certo quantos kilômetros de estrada de terra ainda estariam em obras. A outra opção seria de Santa Cruz de La Sierra a Yacuíba, na fronteira com a Argentina, 550 km a mais até Florianópolis.
03/02/2012 - 40° Dia
Santa Cruz de La Sierra/Corumbá - 630 Km
Diante dos diversos obstáculos possíveis e narrativas não muito animadoras lidas na internet, decidimos sair num horário de maior movimento e criamos um pequeno amuleto: um casal de aymarás em miniatura, do típico artesanato altiplânico, colocados de cabeça para baixo e que seriam desvirados no Brasil, após percorrermos a estrada da morte sem sobressaltos. "No creo em brujas, pero..." Para os que pretendem percorrer este trecho, recomendamos o mesmo, sair de dia, em horário de maior tráfego e levar combustível extra. A estrada é muito deserta e sem recursos nas proximidades. O único posto de combustível depois da periferia de Santa Cruz é em San José de Chiquitos. O trecho não asfaltado é de uns 47 kilômetros, entre El Tinto e San José de Chiquitos. Ansiosos por concluir o trajeto mais perigoso da viagem, fizemos duas únicas paradas para abastecimento, uma das vezes do nosso próprio combustível reserva. A Kangoo não teve tempo de adaptar-se a rápida descida do altiplano e aumentou seu consumo de combustível nesse trecho voltando ao normal nos dias seguintes. Além disso a pilotagem foi de uma velocidade média 130 km/h no trecho de asfalto e 30 Km/h na estrada de terra.O asfalto é de concreto, super estável, quase sempre uma reta e super bem sinalizada, sem pontos de pedágio durante o percurso o que diminui a possibilidade dos golpes dos policiais.
Cansaço |
Asfalto novo |
Bem amigos, não precisaria dizer que cruzar a fronteira nos deixou ainda mais felizes com a viagem. Não há dúvidas de que melhor do que partir é poder voltar pra casa. Mas em meio a felicidade duas realidades saltam aos olhos e ameaçam bastante a felicidade brasileira a médio longo prazo: a indiferença política diante do índio colaborando pra uma falta de identidade histórica dos brasileiros e o outro um aspecto econômico evidente de que a "nossa moeda forte" é na verdade um custo de vida altíssimo para a população.
Aos que partem,
Suerte!
Carol
PS. O combustível para estrangeiros na Bolívia é tres vezes mais o preço que eles pagam e ainda assim fica em torno de 15% mais barato que o nosso. Propina na saída de S C de La Sierra desta vez por causa da película, R$ 37,00.