26/12/2011 - 1° Dia
Florianópolis /São Miguel do Oeste pela BR 282 - 649 Km
Saída de Florianópolis às 11h30, parada de 1h para o almoço. Chegada a S. M. do Oeste às 21h30. Velocidade média 90km/h. Estrada médio boa. Com chuva a visibilidade das sinalizações do asfalto fica bastante comprometida. O que mais chama a atenção é o mau cheiro dos criadouros de animais que abastecem a indústria frigorífica da região. Pernoite no Hotel Solaris bom, muito limpo, com restaurante aberto até as 23h. Apartamento duplo de R$ 90,00 a R$ 100,00, com café da manhã, wi fi e pátio interno para estacionar o carro. O único inconveniente são os quartos acarpetados, muito comum nos hotéis do interior.
Nota de Rodapé:
*S. M do Oeste é uma cidade limpa e aboliu as sacolas plásticas nos supermercados em 2009 : -)
27/12/2011 - 2° Dia
São Miguel do Oeste /Dionísio Cerqueira (fronteira com a cidade de Bernardo de Yrigoyen, Província de Misiones, na Argentina) - 68 km. Bernardo de Yrigoyen/Corrientes pela RN 12 - 650 Km.
Cruzamos a fronteira por volta das 14h. Pela primeira vez em fronteiras da América do Sul, checaram cuidadosamente a identidade e a filiação das crianças (o que seria o correto sempre).É bom lembrar que crianças que viajam na companhia de somente um dos pais, necessitam da autorização do outro para viajar ao exterior (http://www.portalconsular.mre.gov.br/outros-servicos/autorizacao-de-viagem-para-o-exterior-de-criancas-e-adolescentes). Ainda na fronteira, fizemos câmbio e uma refeição no El Tigre, há uma quadra da Aduana, um lugar limpo e com um cardápio honesto (talvez o único nas imediações da Aduana) com pizzas, sanduíches e ala-minutas.
De Bernardo de Yrigoyen pela Rodovia Provincial (RP) 17 até o entroncamento (empalme) com a Rodovia Nacional (RN) 12 o asfalto é ok, mas a sinalização é ruim. Melhora muito na RN 12, uma rodovia bem sinalizada, com vários trechos de pista dupla e vários postos policiais. Há uns 200 km de Corrientes, na dúvida se encontraríamos algum restaurante na beira da estrada para jantar, entramos em uma cidadezinha chamada Ituzaingó. Não teria sido necessário pois ao sairmos da cidade, uns 3 km adiante, encontramos um restaurante da rede YPF Full na beira da rodovia. Em Ytuzaingó, uma cidade balneário a beira do rio Paraná e que abriga uma represa, todo comércio ainda estava aberto e acabamos jantando num restaurante da rede YPF Full dentro da cidade porque nos pareceu a melhor opção custo/higiene, além de ser o mais frequentado entre os locais. Velocidade média 110 km/h. Policiamento intensivo na região. Passamos por umas cinco ou seis barreiras policiais.
O tabuleiro de xadrez com ímãs nos ajudou a driblar os trechos de monotonia.
Em Corrientes, das três opções que selecionamos na internet, ficamos com o Corrientes Plaza Hotel, no Centro. As acomodações eram boas mas os quartos não eram muito arejados. R$ 162,00 em apartamento quádruplo com dois quartos e um banheiro, garagem interna, café da manhã e wi-fi.
Notas de Rodapé:
*A rede YPF é a que dá o melhor apoio pra quem viaja de carro. O combustível é confiável e os YPF Full oferecem serviços como wi-fi, restaurante, impressão de fotografias, lanchonete. O banheiro é sempre um sorteio.
*O pacu e o surubi, peixes típicos das cidades próximas ao Rio Paraná são bem saborosos.
28/12/2011 - 3° Dia
Corrientes/ San Salvador de Jujuy pela RN 16 - 825 Km.
A RN 16 é boa no início, fica ruim, piora muito no meio e seu final volta a ser apenas ruim. É bom garantir um lanche e a estrada pode ser a melhor opção de banheiro depois do último YPF. Há um YPF Full no início e um YPF no meio. O primeiro com refeições fast food e o segundo somente o típico sanduíche de pão de miga, ainda assim é um oásis no deserto. Os animais na pista, silvestres ou não, são muito comuns.
Chegamos em San Salvador de Jujuy por volta das 22h30 e encontramos várias opções de lanche e restaurantes. É temporada de férias também na Argentina e as famílias ficam nas ruas até tarde da noite. Optamos pelo Ruta 9 na Peatonal Belgrano, com um cardápio bem variado. Nos deram um mapa da Província e o cardápio informava distância e altura dos principais pontos turísticos da região. Percebe-se que é uma cidade preparada para o turismo, a maioria de passagem para outros destinos.
São Salvador de Jujuy e Salta são as portas de entrada para o Deserto do Atacama para quem vem do Brasil ou Argentina tanto de carro como de avião (Salta-Calama). Salta tem boas opções turísticas como os vinhos produzidos na região e o Tren a las Nubens. Decidimos deixar Salta para uma outra viagem ao norte argentino e optamos por S S de Jujuy. A cidade também é porta de entrada para quem está indo a Quebrada de Humahuaca e Purmamarca.
São Salvador de Jujuy e Salta são as portas de entrada para o Deserto do Atacama para quem vem do Brasil ou Argentina tanto de carro como de avião (Salta-Calama). Salta tem boas opções turísticas como os vinhos produzidos na região e o Tren a las Nubens. Decidimos deixar Salta para uma outra viagem ao norte argentino e optamos por S S de Jujuy. A cidade também é porta de entrada para quem está indo a Quebrada de Humahuaca e Purmamarca.
Nos hospedamos no Hotel Internacional na Calle Belgrano, que não era nenhuma das alternativas que vimos na internet. Tarifa Balcão AR$420,00 com “tarjeta”. Pagamos AR$320,00 em “efectivo” por um apartamento quádruplo com dois quartos e um banheiro, duas sacada e uma ótima vista da cidade. Mais barato que as opções que encontramos na internet.
Ficaremos duas noites em San Salvador de Jujuy nos aclimatando pra enfrentarmos com disposição a subida para o Altiplano. A cidade fica a 1.259 mt de altitude. Nossa próxima parada, Paso de Jama, fronteira entre Argentina e Chile fica a 4.230 mt de altitude.
29/12/11 - 4° Dia
San Salvador de Jujuy
Descansamos no hotel. Na lista de compras antes da subida para os Andes, folhas de coca (para driblar o mal estar da altitude), um bom dicionário espanhol/espanhol, um CD da banda argentina Los Pericos e um livro da escritora mexicana Ángeles Mastretta. Já na livraria Valentina incluiu Mafalda (do cartunista argentino Quino), Guia para La Vida do Bart Simpsons e Manoela incluiu Gaturro e Mamurra (da ilustradora argentina Nik). O comércio fecha às 13h e reabre às 17h. A Calle Belgrano foi a nossa Meca em S.S de Jujuy. Fizemos câmbio. Almoçamos num restaurante vegetariano e orgânico excelente, com quintal onde jabutis e gatos circulavam, chamado Madre Tierra (Belgrano, 610). No cardápio pães integrais temperados e saborosas humitas recheadas, muito parecidas com a pamonha brasileira.
Mais tarde jantamos no restaurante e bar Zorba (Belgrano esq. Com Recochea). Ambiente agradável, com cardápio variado e pocket show nativo. A comida na argentina está mais ou menos os preços praticados no Brasil por um padrão um pouco melhor, com algumas exceções como por exemplo o suco de laranja que nunca é fresco e é comum adicionarem água ou açúcar.
Notas de Rodapé:
*Suco de Laranja, R$ 6,15; Stella Artois 1Lt. R$ 9,00
San Pedro de Atacama é uma aldeia empoeirada e monocromática. A alegria e as cores estão nos artesanatos, nos turistas e na criatividade das dezenas de hostels, cafés, restaurantes, lojinhas... Os campings em torno do centrinho da aldeia eram péssimos com excessão do Taka Taka, no final da Calle Caracoles, mas estava lotado... Encontramos um hostal para passar a noite a CH$ 8.000 por pessoa. Os banheiros eram muito limpos e o ambiente agradável. Com exceção de alguns hotéis muito caros a maioria das opções de hospedagem são quartos com banheiros compartilhados.
30/12/2011 - 5° Dia
Saímos de S S de Jujuy às 8h30 da manhã. Há 1.500 mt de altitude começamos a mascar folhas de coca. Rodamos 220 km até Susques, uma cidadezinha com posto de abastecimento e restaurante. Abastecemos, almoçamos e seguimos viagem. Os veículos sentem a altitude. A Kangoo se saiu bem porém em alguns trechos não passamos de 40 km/h, depois de algum tempo o carro estabiliza e volta a rodar bem. A temperatura variou de 5° à 24° durante a subida até o Paso de Jama, fronteira entre Argentina e Chile. Há 4.200 metros de altitude, mesmo com as folhas de coca, qualquer esforço físico, como caminhar rápido, causava mal estar. Depois da fronteira, o GPS chegou a marcar 4.850 mt de altitude. No paso encontramos alguns brasileiros que haviam comprado pílulas para a altitude em Purmamarca mas que ainda assim estavam passando mal. Aceitaram de bom grado algumas folhas de coca.
A paisagem é belíssima. A cobertura das montanhas muda de verdejante a árida assumindo várias cores: avermelhada, terrosa, cinza. Cactos, lhamas, planícies de sal, lagoas verde esmeraldas vão permeando o caminho. Próximo a S P de Atacama a cordilheira se mostra como um espetáculo a parte com o vulcão Licancábur magnífico se destacando na paisagem.
Chegamos em S P de Atacama pelas 17h. É proibido entrar no país com qualquer alimento de origem animal ou vegetal. Comemos as frutas que haviam a bordo durante o percurso e escondi minhas folhas de coca. Ao revistarem nosso carro encontraram uma maça perdida nos pés da Manoela, tivemos que preencher novamente o documento de ingresso no país para declarar “o fruto proibido”.
31/12/2011 - 6° Dia
San Pedro de Atacama
Saímos do hostal pelas 11h da manhã e encontramos um camping há uns três km do centrinho, bem arborizado, com piscina. Montamos nossa barraca “lunar” e saímos para almoçar. É preciso evitar os endereços óbvios: um restaurante em volta da praça principal com wi-fi sairia uma média de CH$7500 por pessoa. Almoçamos por CH$ 3800 por pessoa há uma quadra e voltamos ao “top” para tomar um café e utilizar o wi-fi. Saindo daqui nos informaremos sobre os passeios e produziremos nossa ceia de ano novo no camping. Ficaremos em San Pedro de Atacama por uns quatro dias antes de seguir para o Pacífico em direção a Iquipe e Arica. Visitaremos os gêiseres del Tatio, o Valle de La Luna, El Pukará de Quitor, planícies de sal e lagos formados pelas águas que descem dos Andes.
Optamos por virar o ano no camping ao invés do centrinho da aldeia. Na virada nos afastamos do barulho do camping até ficarmos só nós e o céu estrelado do Atacama. Sem dúvida aqui estamos mais perto das estrelas. A lua crescente estava muito clara e o céu muito estrelado. Há um ano não chove por aqui. A temperatura era de 16°. Podíamos ver as luzes da aldeia e uns poucos fogos pipocaram a meia noite. Podíamos ver ainda as luzes de Calama, cidadezinha há 103 km a noroeste de San Pedro e a sua esquerda um complexo de luzes piscantes e coloridas onde está situado um observatório espacial para captar os sons do universo. Estávamos felizes “por merecer viver outro ano” e tomara que muitos ainda para poder desfrutar da beleza desse planeta.
Nota de Rodapé:
* Camping Pozo 3, 3 Km a leste do centrinho. CH$ 5000 por adulto e CH$ 2500 cada uma das meninas. Energia elétrica somente das 21h às 24h e a água é termal a 26°.
Nota de Rodapé:
* Camping Pozo 3, 3 Km a leste do centrinho. CH$ 5000 por adulto e CH$ 2500 cada uma das meninas. Energia elétrica somente das 21h às 24h e a água é termal a 26°.
1°/01/2012 - 7° Dia
San Pedro de Atacama
A noite foi seca e fria. As narinas ardem e os hidratantes nasais que eu trouxe não foram excesso e ajudaram muito a diminuir o desconforto. A manhã nos surpreendeu com um movimento intenso de carros chegando e ocupando a sombra das árvores. Por ser uma estância de águas termais, muitos jovens, casais, grupos de amigos e famílias vieram banhar-se e passar o primeiro dia do ano aqui. Entre os mais jovens alguns pareciam ter vindo direto das comemorações de ano novo. Um dia bem típico da vida dos chilenos desta região. No início ficamos tensos e decidimos não nos afastar da nossa base mas depois percebemos o nosso preconceito típico de brasileiros que convivem lamentavelmente com uma drástica diferença de classes, que também se vê muito por aqui porém os chilenos nos pareceram bastante íntegros e moderados. Apesar do parque lotado não sofremos os efeitos da poluição sonora. Os chilenos falam baixo e as músicas que embalavam seus piqueniques eram bem toleráveis, todos pareciam mesmo empenhados em cortejar o descanso. Depois do almoço decidimos viver a experiência “antropológica” de nos misturar a toda aquela gente e fomos nos banhar na piscina termal com água corrente. O banho foi perfeito para aliviar a secura e o calor do deserto. Naturalmente nossa presença causou alguma estranheza mas os chilenos permaneceram discretos. Foi um banho curto, apesar da nossa disposição. Estamos acostumados a uma vida mais reservada em nossa casa de Florianópolis e já estamos nos acostumando a solidão do deserto e a companhia dos astros e das montanhas dos Andes. Hora de bater em retirada para o centrinho da aldeia.